terça-feira, 4 de novembro de 2008

fotografia - pra Ed



Abandonei minha coleção de fotos há cerca de três anos. O estranho é que percebo agora que nunca as perdi. Elas estão, uma a uma, na minha mente. O fato é que a fotografia não está lá no papel ou na tela do computador, ela está no que foi capturado do momento, do lugar, do espaço. Muito além das cores ou da falta delas, do enquadramento, da composição, está a experiência, o sentimento. E, no final das contas, é uma ilusão achar que a foto capturou algo. Ela só expressa algo que nós experimentamos. Ela é uma lembrança de algo que existe para além dela. A fotografia é um marcador de livros.

Acabo de chegar de uma viagem pela Chapada Diamantina com Ed, meu amigo-irmão. A retomada de algo adormecido, mas que não cessou. Foram várias as fotos. Elas estavam lá, prontas, enquadradas, em composições fantásticas, repletas de cores. Virou diversão encontrá-las espalhadas pelos caminhos que fomos trilhando. O melhor é que não havia máquina para tentar capturá-las. Isso nos deu uma liberdade incrível. As fotos foram registradas, mas elas não foram aprisionadas em bites ou papéis, mesmo porque nem poderiam. Continuam livres e vivas, como o que foi vivido. Na falta do marcador vou dobrar a pontinha da página para voltar a esse trecho do livro sempre que tiver vontade.

Um comentário:

  1. pois é. wally salomão disse: "a memória é uma ilha de edição" e isso é mais fantástico do que os registros catalogados. mesmo com o advento teconólico que nos permite fazer tudo com uma imagem, o mais interessante mesmo, é quando registramos na memória.....

    memória pra que te quero...

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